Influência da tecnologia nas relações é tema do USP Analisa

Estar conectado à internet é uma necessidade para a maioria das pessoas na sociedade atual. A tecnologia influencia tantos aspectos da vida cotidiana que chega até mesmo a alterar a forma como o ser humano se relaciona. Para discutir de que forma se dá essa influência, o USP Analisa desta semana conversa com a docente da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP Lucília Maria Abrahão de Sousa.

Para ela, a tecnologia pode ser, ao mesmo tempo, capaz de quebrar barreiras físicas e também de proporcionar isolamento. “A lógica da internet, que é a lógica dos elos, dos links, dos nós, modificou nossa forma de organizar o estudo, o lazer, a vida, a militância política. Então podemos sim dizer que a sociedade está planetariamente conectada. Por outro lado, existe uma contradição: ao mesmo tempo em que é possível falar com tudo, acessar tudo, temos a tecnologia produzindo um isolamento muito grande. Muitas vezes a praça, os espaços socialmente compartilhados, a sala de aula são locais em que se está junto sem estar inteiramente junto. As pessoas constroem o isolamento em seus casulos, que são seus aparelhos celulares”.

Segundo Lucília, ao permitir que as pessoas se expressem sem uma presença física, a rede cria um imaginário de que tudo é possível, gerando assim os discursos de ódio e de preconceito vistos atualmente. “Tenho trabalhado com a hipótese de que o corpo, a presença física, nos situa socialmente, coloca freio. Quando estou sozinho em casa, não tenho o corpo do outro, tenho uma tela que aparentemente me protege de uma certa identidade. É como se ali eu pudesse soltar os demônios. O que me assusta é que isso às vezes vem de sujeitos navegadores que a gente teria acima de qualquer suspeita”, afirma.


A entrevista vai ao ar na Rádio USP Ribeirão Preto nesta sexta (22), a partir das 12h, e na Rádio USP São Paulo na quarta (27), a partir das 21h. O USP Analisa é uma produção conjunta da USP FM de Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP.